Tentar definir o amor é
uma tarefa difícil, mais ainda se você vive no século XXI onde tudo o que possa
imaginar é amor. Mas Jorge Reis-Sá tenta defini-lo em seu A definição do amor,
publicado pela Tordesilhas. Francisco perde a mulher, mas que ainda permanece
viva para conservar a vida de sua filha. A Matilde, ao contrário da mãe,
precisa viver e precisa do corpo da mãe que é mantida viva por aparelhos.
Francisco sabe que a sua amada está morta, e daí segue curtos capítulos de um
amor mórbido, uma visão de mundo niilista, onde nada mais tem sentido o
principal objetivo é a morte. Até a morte da inocente Matilde, que não tem
culpa pelo acidente que tirou a vida da mãe. Ele tem um filho de poucos anos de
idade, o qual passa a viver com a mãe, já que o seu mundo agora desabou e só é
morte. Pensa em morrer também, mas quem cuidaria dos filhos? Pensa que deveria
ter sido ele, a estar naquela máquina fria e cheia de aparelhos. Mas se fosse
ele, será que Susana viveria o luto tão intensamente como ele está vivendo? É
nos contada quatro histórias paralelas, sobre o amor que quatro pessoas sentiam
e que as levaram a cometer o indizível. Aborto, assassinato, pedofilia e
incesto. Para elas, essas eram definições do amor.
★★★ |
Um bom livro, que faz o
leitor parar para refletir sobre a vida e a morte, o que acaba nos aproximando
desse tema tão assustador. Teve apenas um capítulo que achei um pouco
desnecessário, não por puritanismo ou qualquer coisa do tipo, mas por quebrar a
intensidade e a investigação da personagem principal sobre os dilemas da vida.
Você está lendo parágrafos profundos, inquietantes, daqui a pouco vem um
capítulo bastante pornográfico, com uma linguagem crua e forte, que acabou me
decepcionando um pouco. Mas compreendo o autor, só achei desnecessário. O fim é
um tanto trágico, mas sem muita relevância. Sabemos do que aconteceu, para onde
o Francisco foi e fim, eis a definição do amor, que para mim não definiu nada,
a não ser algo totalmente vago.
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