Pular para o conteúdo principal

A batalha espiritual em "Este Mundo Tenebroso", de Frank Peretti

Uma narrativa empolgante, original, sem muito clichê, eletrizante e até mesmo de arrepiar. 

 

Em Este Mundo Tenebroso, a cidade de Ashton está sendo alvo de um grande plano. Forças malignas querem tomar a cidade para si no reino espiritual, e uma sociedade secreta, a Sociedade da Percepção Universal, quer que a calma cidade americana seja mais uma de suas propriedades. Frank Peretti conduz a história de forma muito fluida, sem fazer o leitor se perder na narrativa. Ora, temos aqui duas ações: a física e a espiritual. No plano físico, Hank Busche, um homem de oração, sente que algo está acontecendo com a sua cidade. Por ser uma pedra de tropeço, Alf Brummel, o delegado de Ashton e membro da igreja onde Hank pastoreia, faz de tudo para que o temente homem de Deus seja expulso do cargo e da cidade. Já Marshal Hogan, um jornalista que comprou o Clarim, um pequeno jornal de Ashton, descobre muitas coisas que não eram para serem descobertas. Os dois são alvos de Alexander M. Kaseph, dono da Omni S/A e a mente usada pelo Valente para pôr o plano em ação e tomar de uma vez por todas a cidade de Ashton. No plano espiritual, demônios inferiores estão preparando a cidadezinha para a chegada do príncipe da Babilônia, Baal Rafar. E há Tal, um anjo muito poderoso que vai fazer que todo o plano do Senhor dê certo, e que mais uma vez Baal seja derrotado e mandado de uma vez por todas para o abismo.

No começo do livro, acompanhamos dois homens altos andando pela cidade, no dia de um festival que era muito popular, e que depois sabemos que se trata de dois anjos. Eles sentem a presença de seus inimigos, e estão ali para proteger o homem de Deus. Subindo uma rua íngreme, eles avistam um demônio, e os seguem. O demônio ia em direção à igreja onde Hank estava orando. A criatura negra, de garras, asas, olhos amarelos, e que solta um bafo pela boca, é detido pela oração do pastor. Ele tenta entrar na igreja, mas de lá de dentro sai uma luz muito forte que o impede. Sim, a oração tem poder. E essa mensagem percorre por todo o livro, até o seu último capítulo.


Enquanto uma guerra espiritual está prestes a começar, Hank e Marshall sofrem muito. Hank, por ser um homem de oração, o que significava um grande perigo para os demônios. E Marshall por ser um jornalista competente, que está reunindo informações sobre uma suposta sociedade que quer comprar a cidade para ninguém sabe o quê e que comete vários crimes para que esse plano se concretize. A faculdade estava pronta para ser vendida para a Omni S/A, alguns moradores que se opuseram a colaborar com o pessoal de Kaseph sumiram sem nenhum motivo ou foram assassinados. A professora da filha de Marshall, Juleen Langstrat, está ensinando para os alunos uma ciência psíquica que faz com que a pessoa evolua para um estado de perfeição, fazendo reuniões com autoridades municipais, ensinando-os uma espécie de religião oriental, misticismo e até bruxaria. E Sandy, a filha do jornalista, cai nos ensinamentos de Langstrat. Por causa de seu relacionamento turbulento com o pai, ela foge de casa, conhece um cara na faculdade e esse a inicia nas sessões particulares com Langstrat, que pouco a pouco rouba a sua mente e faz com que ela faça tudo que ela quiser.


Ashton está para ser tomada por demônios, os anjos só podem lutar e sair vitoriosos com uma cobertura de oração muito poderosa, e para isso, Tal e seus soldados celestiais reúnem o Remanescente a fim de orarem pela cidade e pedir ao Senhor que ele não permita que Ashton seja tomada pelo Inimigo. Um fato muito interessante do Peretti, é que ele criou uma hierarquia dos anjos e demônios, como Capitão, General, e os mais inferiores, no caso dos demônios, os seres mais infelizes que estão sempre atrapalhando a vida espiritual das pessoas. Como Engano, um demoniozinho pútrido que faz com que o seu hospedeiro se engane, Violência, Estupro, e etc. E quanto mais lemos, mais ansiamos pelo combate entre Tal e Rafar. Uma narrativa empolgante, original, sem muito clichê, eletrizante e até mesmo de arrepiar. Pois há situações no livro em que as personagens são atacadas pelos demônios, mas como é algo espiritual, eles não sabem o que está acontecendo. E ficamos pensando sobre isso. Sobre uma possível batalha espiritual que esteja acontecendo nesse exato momento. É claro que não devemos acreditar em tudo e dizer que isso realmente acontece só porque lemos o livro e nos sentimos fazendo parte daquilo tudo. Há uma batalha espiritual, só não sabemos como ela se dá. Nem como o Inimigo age, nem quais são os nomes dos Demônios, e muito menos se eles estão querendo tomar a nossa cidade... Fico surpreso pelo fato de Frank Peretti não ser muito conhecido por aqui, o cara escreve muito, e lá fora, tem seu prestígio. Talvez porque se trata de literatura cristã, que apesar de ser uma ficção, ainda é cristã, e por isso muitos desprezem pensando que o autor vai enfiar a religião dele goela a baixo. Que em cada dez palavras, cinco vai ser o nome de Deus. Puro engano. Muito pelo contrário, e esse é um ponto muito positivo. Há algumas alegorias, sim. Mas não é algo gritante. E eu só conheci o livro por causa do Eduardo Spohr, quando estava ouvindo um podcast. E se você gostou de A Batalha do Apocalipse, leia Este Mundo Tenebroso, pois foi ele que inspirou de certa forma a escrita do Spohr. O livro tem uma continuação, Este Mundo Tenebroso II.

Comentários

  1. Arrepiante. Só de ler a resenha a gente já fica aflito, vou querer ler esse livro com certeza.

    Alessandro Bruno
    www.rascunhocomcafe.com/2015/08/as-boas-mulheres-da-china-um-retrato-de.html

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É um ótimo livro, não irá se arrepender. Abraços!

      Excluir
  2. Ótima resenha, vou começar a ler este livro.

    ResponderExcluir
  3. MAravilhora resenha, irei ler o livro.

    ResponderExcluir
  4. já li o livro é muito gratificante e nos enriquece um pouco mais sobre o conhecimento espiritual.

    ResponderExcluir
  5. Esse livro é sensacional, arrepiante, e nos faz pensar muito. Li o primeiro umas três vezes, e li o segundo também. Recomendo pra todo mundo.

    ResponderExcluir
  6. Uau! Estou lendo...comecei a ler e tive de procurar uma resenha para compreender melhor o início do livro!

    ResponderExcluir
  7. Eu só estou no começo, mas ha ameii!!!! Leiam sim!!!!! Com certeza outros livros desse escritor eu vou procurar ler

    ResponderExcluir
  8. Li Este Mundo Tenebroso....eu recomendo a todos

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Leia o conto "O Gato Preto", de Edgar Allan Poe

Não espero nem peço que acreditem nesta narrativa ao mesmo tempo estranha e despretensiosa que estou a ponto de escrever. Seria realmente doido se esperasse, neste caso em que até mesmo meus sentidos rejeitaram a própria evidência. Todavia, não sou louco e certamente não sonhei o que vou narrar. Mas amanhã morrerei e quero hoje aliviar minha alma. Meu propósito imediato é o de colocar diante do mundo, simplesmente, sucintamente e sem comentários, uma série de eventos nada mais do que domésticos. Através de suas consequências, esses acontecimentos me terrificaram, torturaram e destruíram. Entretanto, não tentarei explicá- los nem justificá-los. Para mim significaram apenas Horror, para muitos parecerão menos terríveis do que góticos ou grotescos. Mais tarde, talvez, algum intelecto surgirá para reduzir minhas fantasmagorias a lugares-comuns – alguma inteligência mais calma, mais lógica, muito menos excitável que a minha; e esta perceberá, nas circunstâncias que descrevo com espanto

O Cavalo e seu Menino, de C. S. Lewis

O terceiro livro de As Crônicas de Nárnia em ordem cronológica, O Cavalo e seu Menino, narra a história de duas crianças fugindo em dois cavalos falantes. Shasta vive em uma aldeia de pescadores e vive como se fosse um empregado do seu pai ‘adotivo’, Arriche. Quando um tarcãa chega à aldeia e pede para se hospedar na casa de Arriche, este aceita sem hesitar. Com um hóspede nobre, o pescador coloca Shasta para dormir no estábulo junto com o burro de carga, tendo como comida apenas um naco de pão. Arriche não era um pai afetivo, acho que ele nem se considerava pai do menino. Via mesmo ali uma oportunidade de ganhar mais dinheiro, e quando o tarcãa oferece uma quantia por Shasta, ele ver que pode arrancar um bom dinheiro com a venda do menino e assim começam a barganhar um preço pelo garoto. Ao ouvir que o seu ‘pai’ iria lhe vender, o menino decide fugir e ir para o Norte — era o seu grande sonho conhecer o Norte. Ao se dirigir ao cavalo, e sem esperar nada, desejar que o animal fa