Sabemos que o período nazista foi um dos piores episódios da nossa História. Nessa autobiografia envolvente, Joseph Joffo narra como ele e seu irmão fugiram dos nazistas e como conseguiram enganar aqueles homens que detestavam os judeus. Vivendo na França ocupada pelos alemães nazistas, os dois irmãos se veem sendo introduzidos a um mundo adulto repleto de maldade. Seus pais, que também fugiram da Rússia pelo fato de serem judeus, envia os dois filhos para uma cidade onde o domínio nazista não é muito forte. Imagino o quanto foi difícil para esses pais ver suas duas crianças partirem sozinhas rumo a um futuro desconhecido e perigoso, tendo que viver fugindo de pessoas más pelo simples fato de serem judeus. “O que é judeu”, pergunta Joseph ao pai inocentemente. No mundo infantil, onde a inocência ainda permanece imaculada, ter que entender algo dessa dimensão não é fácil. Antes viviam tranquilos e vagabundeando pelas ruas de Paris, agora estavam lutando para não serem capturados pelos caçadores. Eles eram as presas, os nazistas os caçadores.
“Não
tiraram minha vida, mas fizeram algo pior: roubaram minha infância, mataram em
mim o menino que eu podia ser... Talvez tenha me tornado duro demais, cruel
demais; quando prenderam meu pai, nem sequer chorei. Um ano atrás, teria aberto
um berreiro.”
As aventuras dos irmãos
Joffo são repletas de surpresas e tensões, momentos em que quase são pegos e
enviados para os campos de concentração na Alemanha de Hitler. Os momentos
ternos e doces, como aqueles em que um padre salva a vida dos dois, ou como a bebida
que a senhorinha lhes dá no trem, serve como lembrete de que ainda existem
pessoas boas e que o mal não afetou a todos. Muitos eram pró-alemães por
simples covardia, outros por pura maldade.
É interessante
acompanhar o crescimento de Joseph e de Maurice, que tem dois anos de
diferença, e a coragem de toda a família Joffo de sobreviver a uma tirania
maluca, impulsionada por puro ódio – eles eram o bode expiatório da vez. Vê-los
lutando incansavelmente pela liberdade e pela vida é encorajador, mas nem todos
têm essa força dentro de si. Como o menino Joffo, observa: muitos judeus
simplesmente se entregavam nas mãos de seus algozes, sem ao menos lutar. Mas como
lutar contra alguém que estava fortemente armado? O que nos faz pensar em
diversas coisas ao mesmo tempo, mas não vale a pena ficar tentando mudar o
passado. Infelizmente, os judeus foram assassinados aos milhões e nem ao menos
puderam se defender. Pura covardia.
“A
mansidão das democracias é interpretada muitas vezes pelos ditadores como um
sinal de covardia.”
Confesso que fiquei
bastante emocionado ao terminar a leitura. O que me fez refletir sobre os
nossos dias atuais, onde há muitos que despejam seu ódio contra os judeus e o
Estado de Israel com a desculpa de uma falsa luta por “direitos” da Palestina. Não
devemos tolerar nenhum tipo de ódio aos judeus, mesmo que este ódio venha
enfeitado com belas palavras dos discursos de autoridades ou daqueles que “lutam”
por um mundo mais justo. Ler “Os meninos que enganavam nazistas” (Vestígio, 288 pgs, R$44,90) é fazer parte,
imaginativamente, de um período de trevas que se abateu em parte da Europa.
O livro foi adaptado para o cinema pela segunda vez. Confira o trailer:
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