Este
livro é muito importante, pois há um deliberado silêncio sobre
um passado não muito distante. Falo sobre o período maoista da
China, um período longo onde o terror e a fome pairou sobre aquele
país. Por que importante? Pelo simples fato de que celebridades e
políticos, e o mais grave, até professores e ‘intelectuais’ vêm
propagando nas últimas décadas o ideal – a utopia – comunista,
o paraíso na terra onde todos os problemas desaparecerão e, enfim,
todos serão iguais e possuirão as mesmas coisas, em um arroubo de
paixão pela humanidade. Se você estuda numa universidade, ou se
ainda está no ensino médio, provavelmente já ouviu do seu
professor de História coisas lindas sobre o comunismo. Recentemente,
se não me engano, o Colégio Dom Pedro II realizou uma palestra
sobre a Revolução comunista da China, como se tudo tivesse ocorrido
perfeitamente bem e ninguém tivesse sido assassinado, ou morto por
inanição, só para agradar um ditador lunático e fanático, para
não dizer louco. É um livro chocante, que aos mais sensíveis,
chega a dar ânsia de vômito. O historiador Frank Dikotter não
poupa os mínimos detalhes, e em vários momentos não poupa críticas
a esse sistema belo na teoria, mas podre e desumano na prática.
Rico
em fontes bibliográficas – são oito páginas dedicas à
bibliografia selecionada – certamente não tem como acusar o livro
de mentiroso ou de fazer parte de algum esquema imperialista para
atacar o os comunistas. Como está explícito no título, a obra fala
sobre a fome na China nos anos de 1958-62. Além de explicar todo o
contexto, desde a ascensão do regime ao poder até os primeiros
passos para uma catástrofe devastadora. Como pôde um líder que,
supostamente, lutava pelo povo e queria o bem do povo, ser o pior
inimigo do povo? Todos os discursos de igualdade, fim da pobreza,
fome, opressão caíram por terra toda vez que um líder comunista
subiu ao poder. Foi assim com Stálin, também com Mao Tsé-Tung.
Este, numa obsessão louca de ultrapassar a URSS sob o comando de
Nikita Kruschev, colocou todo o seu povo sob um jugo pesadíssimo.
Queria ultrapassar a Grã-Bretanha na industrialização do aço,
também como na produção de grãos, etc. Forçou todos os
camponeses a abandonarem suas propriedades privadas a se juntarem em
um fazenda coletiva, o que viria a ser as comunas, e a trabalhar para
o Estado de graça. Eram submetidos à fome como incentivo para
produzir mais, lógica absurda. Se alguém fazia corpo mole no campo,
não recebia a ração diária e era obrigado a trabalhar mais ainda.
Muitos eram torturados, humilhados, jogados para morrer de fome. As
mulheres, crianças e idosos foram os que mais sofreram neste período
maoista. Obcecado no Grande Salto Adiante, Mao em sua loucura fez com
que toda a nação entregasse tudo quanto fosse aço, para poder
produzir mais aço. Foram forçados, e os quadros locais, para
surpreender os seus superiores e a Mao, obrigavam os camponeses a
entregar tudo o que possuíam.
A
fome devastou mais os campos do que as cidades, mas estas também
sofriam. Carnes enlatadas enferrujadas eram consumidas e vendidas,
carnes estragadas também. No campo, fezes humanas eram usadas como
fertilizantes. Os mortos também eram usados como fertilizantes, e os
quadros locais ferviam os corpos para tal objetivo. Sem
planejamentos, os grãos eram desperdiçados e apodreciam. Enquanto
milhões passavam fome, os grãos e carnes apodreciam pela falta de
estocamento adequado. Quem ousasse falar sobre a fome, era taxado de
“direitista”, “burguês”, “reacionário”, etc. A fome,
para Mao, era apenas uma ilusão criada pelos seus inimigos para
impedir o avanço comunista. Muitos se silenciavam para agradar o
grande líder ou para salvar a si mesmos. Foi um período onde as
mais diversas crueldades vieram a tona, e onde os humanos deram lugar
ao pior de si. Irmãos matavam irmãos, por causa da ração diária.
Mães deixavam filhos morrer, pois precisavam se alimentar. Crianças
eram abandonadas, idosos também. Alguns chegaram a matar pessoas
para poder sobreviver. Em um mundo entregue à fome, a barbárie se
espalhou. O comunismo tem essa força maligna: a de tornar os humanos
em criaturas primitivas, selvagens e bárbaras.
Esta
não foi uma resenha técnica, pois precisaria de mais tempo para
preparar um texto minucioso, o que farei em breve. Mas “A Grande
Fome de Mao” é um livraço e só me faz ter convicção de que
todas estas pessoas que se dizem comunistas e admiram esses homens
cruéis são ditadores em potencial ou perpetradores do mal. Esqueçam a utopia de
um mundo sem desigualdades, ou sem fome. Não queiram a todo custo
salvar a humanidade, pois os que se renderam a tais pensamentos só
fez mal a ela do que bem. Estima-se que durante o período da fome,
mais de 48 milhões de chineses morreram. Os próprios comunistas
chineses mataram seus compatriotas, o que é asqueroso. Mas faço uma
pergunta a você: por que a propaganda do nazismo é crime (e tem que
ser mesmo!), enquanto a propaganda comunista não? O comunismo é
responsável por milhões de mortes a mais que o nazismo, e deveria
ser tão criminoso quanto. Pense em um país comunista nos dias de
hoje e procure alguma liberdade entre aquele povo, ou fim da
desigualdade. O que você encontrará será apenas os líderes
milionários, enquanto o povo padece na pobreza. Comunismo para você,
capitalismo para mim. Essa é a lógica, a cruel lógica dos
comunistas.
Qualquer ditadura é ruim, agora dizer que o comunismo transforma os homens em monstros é como dizer que no capitalismo só tem anjos, também se mata (e muito) por dinheiro no capitalismo e tb se morre de fome,. Sejamos justos com os dois sistemas.
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