Durante
o julgamento de Nuremberg, o diário de Alfred Rosenberg havia
sumido. Muitos anos depois do julgamento, começa a caça pelo diário
de um dos homens mais influentes e mais íntimos de Hitler. O livro
narra a busca pelo objeto valioso, sob o ponto de vista histórico,
de forma romanceada e é quase uma aventura essa busca. Robert
Kempner, um advogado que atuou incansavelmente para que os criminosos
nazistas fossem condenadas e não ficassem soltos e impune, pegou o
diário e nunca mais devolveu. Assim como tantos outros documentos
importantes sobre o período nazista, que estava sob a
responsabilidade do governo americano. Depois de morrer, começa uma
pequena batalha para dois homens ter acesso aos documentos
armazenados em muitas caixas numa casa antiga de Kempner. Um deles,
um advogado oportunista, e o outro, arquivista do Museu do
Holocausto. Depois de muitas manobras, chantagens e incredulidade –
pois ninguém tinha visto tal diário, nem sabia se ele existia – a
busca tem um fim com uma operação de agentes federais americanos.
Tudo muito cinematográfico, eu sei.
De acordo com as palavras dos
líderes do partido, o relatório de Kempner argumentava que o
nacional-socialismo era mais do que uma organização política; era
um culto radical “altamente centralizado”. Esperava-se que os
seus membros fossem uma “ferramenta obediente” e falassem a uma
só voz. Os nazistas pretendiam substituir a república por uma
ditadura. Embora alegassem trabalhar para promover mudanças internas
mediante a eleição de deputados, na verdade eram revolucionários
que nunca renunciaram à ideia de tomar o poder pela força.
O
conteúdo do diário traz memórias do ideólogo e suas desconfianças
e disputas com os rivais dentro do próprio partido. Alguns o
chamavam de pedante, outros de louco e perigoso. Suas ideias
conspiratórias e antissemitas sobre uma sociedade secreta judaica
que, segundo ele, queria controlar o mundo ajudou o partido
nacional-socialista a ganhar força. Um dos erros gravíssimos do
livro é associar as palavras direita e socialismo como se fossem
parte de um único lado. Como se pode ser de direita e socialista?
Como alguém pode ser de direita e revolucionário ao mesmo tempo?
Talvez porque o nazismo odiava o “bolchevismo judeu” e queria
exterminar os comunistas da Europa? O livro, apesar de ser bom, tenta
colocar a direita como a única culpada do nazismo – essa ideia tão
difundida entre os comunistas – e pinta uma esquerda vítima de
algo pior do que os terrores da URSS. O leitor que não se interessa
pela política, vai terminar a leitura do livro odiando tudo o que se
chama de direita. Não estou isentando-a por estar desse lado do
espectro político, mas por não ser condizente com os fatos
históricos.
Adolf Hitler e Alfred Rosenberg
tinham muito em comum. Embora tenham crescido fora da Alemanha, os
dois eram igualmente fascinados pelo passado miticamente heroico do
país. Eram jovens quando perderam os pais. Ambos estavam mais
interessados em desenhar, ler e sonhar acordados do que em seguir
carreira na arquitetura. Na juventude, recorreram às sopas gratuitas
para encher os estômagos vazios. Quando se encontraram, não demorou
muito para descobrirem que estavam de acordo quanto ao que
consideravam os principais problemas da época: o efeito prejudicial
das igrejas, o perigo do comunismo e a ameaça dos judeus.
★★★ |
Lemos
sobre como Rosenberg, que não era em nada ariano, conheceu o jovem
Hitler e a primeira tentativa do grupo nazista tomar o poder. Os
absurdos cometidos contra os judeus e qualquer um que se mostrasse
opositor ao nazismo são revoltantes. Ironia ou não, tanto Rosenberg
como Hitler trabalharam para judeus enquanto não passavam de figuras
anônimas. O delírio de uma raça superior tomou a mente desses
homens e levou a um genocídio que só perde em números para o
comunismo. O leitor mais curioso e estudioso do tema, assim como eu
sou, não poderá ler o diário de Rosenberg completo - uma pena. Este livro
contextualiza trechos do diário e explica os acontecimentos com o
auxílio de historiadores diversos. Para aqueles que gostam de História, o livro é bastante interessante para entender um pouco sobre o que se passava na mente de um homem que decidiu dar uma Solução Final ao povo judeu.
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