Com lançamento simultâneo em 38 países, livro tem narrativa habilmente construída, num suspense que fala sobre memória, verdades e mentiras.
E.O.
Chirovici nasceu na Transilvânia, numa família de origem romena, húngara e
alemã. Escreveu seus primeiros livros em romeno, e as obras foram best-sellers
no país do leste europeu, vendendo milhares de exemplares. Ao escrever seu
primeiro livro em inglês, o autor se surpreendeu com a recepção entusiasmada: o
título foi a sensação da Feira de Frankfurt de 2015, dois anos antes de chegar
às livrarias, e foi vendido a peso de ouro para editoras em 38 países. Embora
Chirovici seja, por si só, um personagem fascinante, é a trama habilmente
construída de “O livro dos
espelhos” que causou todo
esse impacto e promete fisgar os leitores. A obra chega às livrarias
brasileiras pela Record em março, num lançamento simultâneo com os outros 37
países.
Narrada por quatro personagens
diferentes, a trama começa na voz de Peter Katz, um agente literário que recebe
por email o trecho de um manuscrito intitulado “O livro dos espelhos”. O autor
se chama Richard Flynn e, no texto, relembra um período de seus dias na
faculdade, no fim dos anos 1980. Na segunda parte, lemos o manuscrito de Flynn,
que narra a relação entre ele, uma amiga da faculdade e Joseph Wieder, um
renomado psicólogo. Wieder foi brutalmente assassinado naquela época; um crime
que ficou famoso mas jamais foi solucionado. O trecho enviado para Katz termina
exatamente nas horas anteriores ao assassinato.
Curioso e convencido de que o
manuscrito vai enfim revelar o assassino – e garantir um contrato milionário
com uma editora – Katz vai atrás de Flynn, mas ele está em coma, à beira da
morte, num hospital. E ninguém sabe onde está o restante do original. O agente
então contrata John Keller, um repórter investigativo, para desenterrar o caso
e reconstituir o crime.
Na terceira parte, acompanhamos a
investigação de Keller, cujas entrevistas e pesquisas revelam um verdadeiro
jogo de espelhos, uma trama complicada em que verdades e mentiras nem sempre
são absolutas. No fim, um quarto personagem consolida o desfecho da história.
Mais do que escrever um suspense ou uma simples trama policial para descobrir
um assassino, Chirovici constrói uma narrativa intricada, literária e elegante,
onde fala sobre como as memórias, a realidade e a verdade podem ser relativas.
TRECHO:
“Eu falei para Laura que, para mim, era difícil concordar com aquela
teoria, mas ela me desafiou.
- Você nunca teve a sensação de que já viveu algo ou esteve em
determinado lugar, e depois descobriu que jamais esteve ali, que apenas ouviu
histórias sobre o local quando era criança, por exemplo? Sua memória
simplesmente apagou a lembrança da história que lhe foi contada e a substituiu
por uma vivência.
Lembrei que, por um bom tempo, achei que tinha visto o Super Bowl de
1970 na televisão, que tinha visto os Kansas City Chiefs derrotarem os
Minnesota Vikings. Mas, na verdade, eu tinha apenas quatro anos na época e
só achei que tinha visto porque ouvi meu pai contar histórias sobre
aquele jogo várias vezes.
E.O. Chirovici nasceu na
Transilvânia. Possui doutorado em Economia, Comunicação e História, e é membro
da Academia de Ciências Romena. Trabalhou como jornalista por muitos anos e
recebeu vários prêmios e honras importantes, incluindo a Medalha Kent, em 2009,
pelas mãos do Príncipe Edward, Duque de Kent. Ele já escreveu 10 romances em
romeno, todos sucessos de venda na Romênia. Tem se dedicado apenas à literatura
desde 2013, e atualmente vive em Bruxelas com a esposa.
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