Essa é a história de
Daniel Hauptmann, um jovem escritor curitibano talentoso. Daniel odeia
Curitiba, mas a cidade não deixa que o jovem se liberte de sua prisão. Sente
que a cidade do futuro rouba suas energias, seus sonhos, sua vida. Roberto é o
guia dessa brilhante e sombria história, melhor amigo de Daniel. Conheceram-se
nos tempos de faculdade e nunca mais se separaram. Uma amizade bonita,
verdadeira e com um final trágico. Com uma narrativa não linear, os capítulos
alternam-se entre o presente – narrado em terceira pessoa – e o passado, em
primeira pessoa. Na Curitiba do final dos anos 80 ao início dos 90, Roberto
revive suas memórias ao lado do melhor amigo. O mistério que Roberto anuncia
nas primeiras frases do livro deixa o leitor curioso para saber quem é esse tal
de
Daniel.
Sei que muitos chegarão às páginas deste livro buscando entender os homicídios cometidos por seu personagem principal, e isso não me surpreende.
Sabemos que o
personagem principal – Daniel – cometeu não só um, mas alguns homicídios. E
isso desperta tamanha curiosidade e faz com que absorvemos cada linha, atrás de
uma pista que indicasse qual espécie de homicídio ele cometera. Porém, o Daniel
que conhecemos não parece em nada com um assassino. Ao contrário, desejamos ter
aquele jovem cheio de vida e muito inteligente em nossas vidas. Mas como todo
jovem, ele tem uma relação complicada com os pais. Mais com o pai, na
realidade. É aquela velha história que todos conhecemos e vivenciamos.
O pai quer que o filho seja um advogado, trabalhe e ganhe dinheiro. Muito dinheiro. É somente isso o que importa. Para Daniel, assim como para muitos de nós, a vida não pode ser resumida somente ao dinheiro e emprego. O que ele queria ser era escritor, isso o motivava a viver. Mas para agradar aos pais, faz faculdade de Direito e até faz um estágio numa empresa de um conhecido, mas logo desiste. Chuta o balde e vai viver por conta própria. Abre uma firma com o amigo, Roberto, e vai levando a vida. A saga do jovem escritor que está prestes a publicar seu primeiro livro é empolgante. Mas o que levaria Daniel a cometer homicídios?
O pai quer que o filho seja um advogado, trabalhe e ganhe dinheiro. Muito dinheiro. É somente isso o que importa. Para Daniel, assim como para muitos de nós, a vida não pode ser resumida somente ao dinheiro e emprego. O que ele queria ser era escritor, isso o motivava a viver. Mas para agradar aos pais, faz faculdade de Direito e até faz um estágio numa empresa de um conhecido, mas logo desiste. Chuta o balde e vai viver por conta própria. Abre uma firma com o amigo, Roberto, e vai levando a vida. A saga do jovem escritor que está prestes a publicar seu primeiro livro é empolgante. Mas o que levaria Daniel a cometer homicídios?
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É natural em artistas um período de depressão depois de uma grande criação. O vazio, meu caro Roberto, o vazio é mesmo enorme e, até certo ponto, inevitável. Isso vai passar quando nosso querido escritor voltar a escrever.
Quando já não acreditamos
em mais ninguém, quando ficamos presos dentro de nós mesmos, sem nos
encontrarmos, qual seria a única saída? Fazer um pacto não entraria na lista de
quase ninguém, mas foi exatamente isso que aconteceu com Daniel. Deixou ser
levado pelo abismo que criara dentro de si, acabou deixando as situações
exteriores tomarem conta do seu ser que, para não surtar, achou alívio no mais
improvável caminho. Esse livro mexeu comigo de uma maneira estranha, peculiar. Queria
ter conhecido o Daniel, ter lhe dito que o caminho seria escuro, mas que sempre
encontraríamos a luz. É sempre raro um personagem ser tão íntimo da gente, mas
Daniel se tornou íntimo para mim. Mas a sua maneira de lidar com os problemas
da vida não eram os mais adequados e sem o apoio e o carinho dos pais, que
faziam de tudo para ver o filho sendo o que eles queriam que ele fosse, a morte
assombrava a alma do triste escritor. Até
você saber quem é tornou-se o melhor livro nacional de um autor estreante
que já li nos últimos dois anos.
Não tratei aqui dos demais temas relacionados à tradução, poesia e escrita, com destaque para a polêmica que sacudiu o meio literário na década de 90, entre Bruno Tolentino e Augusto de Campos, pois não tenho tamanha bagagem cultural para me arriscar a escrever sobre.
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