Com um título inquietante, Terry Eagleton faz um mergulho na História e apresenta os argumentos que levaram a cultura dispensar Deus do seu meio, ou como sugere o título, assassiná-lo. Da época em que o Iluminismo estava ganhando espaço nas mentes dos intelectuais e na sociedade até aos tempos modernos e pós-moderno, o conteúdo desse livro é bastante complexo. Esmiuçando, com tamanha desenvoltura, o pensamento dos filósofos, intelectuais, religiosos e até da massa, Eagleton tenta compreender quando começou esse assassinato do Divino e deixa claro que o Iluminismo, a princípio, não tinha este objetivo. Citando Hume, Kant, Marx, Schiller, Kierkegaard entre tantos outros, este pequeno livro é bastante rico se tratando em sua bibliografia.
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Fazia-se, então, necessária criar mitos ou símbolos que se associassem à Razão, tornando-a como uma substituta da religião e seus rituais e sacrifícios. O Deus estava por demais presente no meio do povo comum, mesmo sendo um Espírito Invisível. Matá-lo, simbolicamente, levaria um longo tempo e lemos que esse processo durou séculos até, por fim, eliminá-lo. Mas o autor não foca, diretamente, em Deus. O livro não é religioso, isso não é. É mais um estudo sobre como mentes brilhantes e inquietas pensavam sobre o futuro e defendiam suas ideologias e o que impedia o progresso raiar no horizonte como uma verdade real e possível.
"À medida que se esvai o poder da religião, suas diferentes funções são redistribuídas como precioso legado para os que aspiram a se tornar seus herdeiros. O racionalismo científico se apropria de suas certezas doutrinárias, enquanto a política radical herda sua missão de transformar a face da Terra. A cultura, no sentido estético, preserva algo da sua profundidade espiritual. Na verdade, as ideias estéticas (criação, inspiração, unidade, autonomia, símbolo, epifania e assim por diante) são em sua maioria fragmentos deslocados de teologia." (p.161)
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