"Um testemunho do sofrimento humano levado aos
limites, construído em detalhe extraordinário por uma prosa fascinante. Por
meio de detalhes perspicazes e sua avaliação década a década das vidas de seus
personagens, Yanagihara desenhou um profundo estudo de personagens que inspira
ao mesmo tempo em que devasta." Washington Post
"Primoroso. Não é exagero chamar este livro de
obra-prima - e talvez este substantivo ainda seja muito pequeno para ele." San Francisco Chronicle
Segundo romance da escritora
americana Hanya Yanagihara, “Uma
vida pequena” acompanha, por
décadas, as trajetórias de quatro amigos, desde que concluem os estudos em uma
pequena faculdade de Massachusetts e mudam-se juntos para Nova York. O relato –
profundo, perturbador e emocionante – garantiu ao livro lugar em praticamente
todas as listas de melhores obras de 2015 na imprensa estrangeira, além do
posto de finalista de dois dos principais prêmios literários do mundo: o Man
Booker Prize e o National Book Award.
A trama é centrada na amizade de
quatro homens: Willem, um aspirante a ator muito bonito e generoso, mas com
problemas de autoestima; JB, um pintor descolado que pode ser um tanto cruel e
manipulador; Malcolm, um arquiteto frustrado e, de certa forma, oprimido pela
fortuna dos pais; e Jude, um advogado brilhante e enigmático. Este último
funciona como espécie de elo entre os outros protagonistas, além de dono de um
terrível trauma de infância, atormentado pela angústia e com dificuldades de
seguir em frente – sentimentos nos quais Hanya mergulha o leitor.
Muito mais do que uma simples
história de formação de seus personagens, “Uma
vida pequena” aborda temas
como raça, sexualidade, amizade, amor, abuso sexual e drogas de forma profunda,
mas ao mesmo tempo crua e sem a preocupação de poupar o leitor. O sofrimento é
da ordem do cotidiano, e a redenção nem sempre é possível. Com uma prosa muito
bem construída, a autora fala sobre dor, memória e tragédia em quase 800
páginas de texto, mas também faz uma bela observação sobre a amizade entre
homens. Yanagihara falou sobre essa escolha em entrevistas na imprensa
estrangeira:
“Meu melhor amigo – que é um
homem de tremenda profundidade emocional e inteligência – discorda de mim neste
ponto. Mas acho que homens, quase uniformemente, não importa sua raça, cultura,
religião ou sexualidade, são equipados com uma ‘caixa de ferramentas emocional’
muito mais limitada. Talvez não seja endêmico. Mas não conheço nenhuma
sociedade que encoraje os homens a colocar os sentimentos em palavras, e muito
menos a expressar esses sentimentos. (…) Como escritora, é uma dádiva – e um
desafio interessante – escrever sobre um grupo de pessoas limitado desta
maneira (e que por acaso é metade da população mundial). Em “Uma vida pequena”,
uma das coisas que mais gostei de explorar na amizade desses homens, que é
muito próxima, é que ela também é construída num desejo mútuo de não conhecer
realmente muito um do outro. Não digo que é algo bom ou ruim – você não precisa
confessar tudo a um amigo para ser próximo dele – mas acho que a amizade entre
duas mulheres é mais confessional”.
TRECHO:
“Ele aparentemente escolhera a faculdade de arquitetura pelo pior motivo possível: porque amava prédios. Aquela fora uma paixão respeitável, e, quando criança, seus pais o presenteavam com excursões por casas e monumentos toda vez que viajavam. Mesmo quando era um rapazinho, Malcolm sempre desenhava prédios imaginários, construía estruturas imaginárias: eram um conforto e um refúgio para ele – tudo aquilo que não conseguia articular, tudo que era incapaz de decidir, podia, aparentemente, se materializar num prédio.E de uma maneira fundamental, aquilo era o que mais o envergonhava: não seu pouco entendimento do sexo, não suas tendências raciais desleais, não sua incapacidade de se separar dos pais, ganhar seu próprio dinheiro ou se comportar como uma criatura autônoma. Seu maior problema era que, quando trabalhava ao lado de seus colegas à noite e o grupo se enfurnava em seus próprios sonhos e ambições, quando todos desenhavam e planejavam suas construções improváveis, ele ficava ali sem fazer nada. Perdera a capacidade de imaginar qualquer coisa. Assim, todas as noites, enquanto os outros criavam, ele copiava: desenhava os prédios que vira em suas viagens, prédios que outras pessoas haviam sonhado e construído, prédios onde vivera e pelos quais passara. Vez após vez, fazia o que já fora feito, nem mesmo se dando ao trabalho de melhorá-los, mas simplesmente imitando-os. Estava com 28 anos; sua imaginação o abandonara; nada mais era que um copiador.”
Hanya Yanagihara trabalhou como jornalista de viagens antes de escrever
seu primeiro romance, o elogiado “The people in trees”. “Uma vida pequena” é
seu segundo romance. Mora em Nova York.
Esse livro é fascinante, maravilhoso e suas 781 páginas são fácil, porém impactantemente devoradas.
ResponderExcluirImagino que seja mesmo, ele recebeu muitas críticas positivas lá fora.
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