Com a ascensão de
Hitler ao poder e o antissemitismo se espalhando na Alemanha, a família Stern
são obrigados a fugir do seu amado país. Hans Stern, então ainda adolescente,
chega ao Brasil com a família em 1939 e se deslumbra com o que vê. Acostumado
com o inverno, o jovem judeu se depara com uma cidade tropical, cheia de verde e
banhada pelo mar. Sua adaptação à capital brasileira, o Rio de Janeiro, ocorre
sem grandes problemas. Como saíram da Alemanha e deixaram a empresa da família
e tudo para trás, agora teriam que arrumar algum meio de ganharem dinheiro na
nova cidade. Para a mãe e o avô de Hans, a adaptação à nova realidade não
estava acontecendo. Os dois não se conformavam em ter de deixar tudo para trás
e vir morar em um país totalmente desconhecido com pessoas desconhecidas. Sem
falar nos hábitos estranhos dos brasileiros. Para Hans e o pai, era um recomeço
e estavam se dando bem na nova cidade. Como havia deixado vários amigos para
trás — alguns ainda estavam na Alemanha, outros haviam saído de lá — Hans
escrevia cartas contando como era a nova cidade não só para os amigos, mas também
para os familiares que havia ficado. E sua forma de ver o Rio de Janeiro
encantava a todos, que pediam para escrever mais cartas.
“Primeiramente, algo sobre minha nova terra. Imaginem uma grande baía. Tão grande que todas as frotas do mundo entrariam nela confortavelmente. Esta baía grande é dividida em diversas baías menores e estas, por sua vez, em menores ainda. Tudo isto permeado por grandes montanhas e rochedos, em parte com florestas, em parte completamente descalvados. A cidade maravilhosa do mundo encontra-se entre essas baías e essas montanhas. [...]” (pg. 34)
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Hans Stern, ainda jovem. |
A admiração de Hans
pela cidade maravilhosa do mundo perduraria até os últimos dias da sua vida.
Trabalhando na mercearia do tio, e logo depois em uma casa de selos, Hans deixa
o primeiro para se dedicar ao segundo. Mas, como se apaixona pela namorada do
dono da casa de selos, Hans é demitido. Quando completou 18 anos, o pai, que
Hans amava muito, ainda estava trabalhando na Parnaíba. Como não tinha
condições para comprar um presente para o filho, ele lhe mandou uma carta com
alguns conselhos. O pai aconselha ao filho de que a vida é bela, e cita Goethe:
“A vida, seja como for, é bela.” Explica ao filho que não importa o que
aconteça, pois a vida sempre continuará sendo bela. A carta foi guardada com
muito carinho por Hans. A sua mãe, que não adaptou-se ainda ao Brasil, tinha
regulares crises nervosas que se agravaram mais com a ausência do marido. Vendo
que a mãe piorava a cada dia, Hans implorava ao pai para que voltasse para o
Rio. Depois de muito insistir, o pai voltou e as coisas ficaram calmas.
Depois de trabalhar em
uma empresa de exportação de cristais de rocha e de pedras de cor, a Cristab
S.A., Hans decide abrir sua própria empresa de exportação. Aprendera na Cristab
a amar as pedras raras e percebeu que esse seria um bom negócio. Nascia a H. Stern,
a joalheria brasileira que ganharia o mundo. Pai e filho constrói uma marca forte
e a consolida no mercado exterior com suas joias exclusivas de pedras
brasileiras, uma novidade.
Logo nos primeiros capítulos, Dieguez foca na trajetória de Hans fugindo com a família da Alemanha até a criação da H. Stern, mas lá pela metade do livro, quando o filho Roberto assume a área de criação, o foco fica sendo em como Roberto elevou a H. Stern em joalheria de luxo, e como atraiu as celebridades de Hollywood e personalidades da moda.
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★★★★★ |
Não só uma biografia,
mas H Stern – A história do homem e da
empresa é um aprendizado para qualquer um que têm algum empreendimento ou
pensa em ter. A maneira como Hans comanda a empresa, como trata os
funcionários, a paixão pelo trabalho é uma fonte inspiradora. Nesse livro
conhecemos toda a trajetória do homem e da empresa; seus métodos, suas
vitórias, seus fracassos, aprendizados, métodos e etc. Conhecemos as entranhas
da H. Stern e percebemos a genialidade não só de Hans, mas de seus filhos, que posteriormente conduzem a empresa. Uma edição luxuosa e ilustrada. Não é apenas uma biografia
ou um perfil jornalístico, mas também um livro de negócios. Com um texto enxuto
e que vai direto ao ponto, deixo aqui minha admiração pela Consuelo Dieguez.
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