David Duchovny lendo "Holy Cow". |
Elsie é uma vaquinha
assim como todas as outras da fazenda. Seu mundo é o pasto e até então a sua
visão da vida é encantadora. Acordar, ser ordenhada, ir para o pasto, comer e
dormir e assim sucessivamente todos os dias. Ela ama a sua mãe, que foi embora
da fazenda e nunca mais voltou. Elsie nunca entendeu o porquê de a mãe ter a abandonado,
mas continua a amá-la mesmo assim. Quem narra essa fábula é a própria Elsie
que, com a ajuda do cow-ator David Duchovny, digita tudo o que a vaquinha dita. E é
bastante divertido ler Holy Cow, pois a vaquinha protagonista é de um humor
maravilhoso e faz várias referências ao mundo do cinema e da música. Ela
explica que essa é uma estratégia para não entediar os pais dos leitores, já
que a história é direcionada para o público infantil. Bem, era pra ser. Quebrando
tabus, como falando de pum e cocô — segundo Elsie, esse é um tabu entre os
humanos —, e chega a fazer profundas reflexões sobre os hábitos esquisitos dos
seres humanos.
“Os seres humanos nos adoram. Pelo menos era isso o que eu achava, o que todos nós achávamos. Eles amam o nosso leite. Agora, pessoalmente, acho meio esquisito beber o leite de outro animal. Você não me vê indo até uma cidadã humana que acabou de dar à luz e perguntando: “E aí, moça, posso tomar um golinho?” (pg. 11)
★★★★ |
Quando descobre para
onde vão todas as vacas depois de terem seus bezerros já crescidos, Elsie fica
aterrorizada. Seu chão desaba e decepciona-se com seus donos, pois pensava que
os humanos gostavam dela. Pois em uma noite, ela e a melhor amiga decide sair
do pasto para poder paquerar alguns touros. Decidida a ir até perto da casa do
fazendeiro, descobre um Deus-caixa. Vendo que estavam todos vidrados nesse
Deus-caixa, uma televisão, ficou chocada com o que ele mostrava para a família.
Era certamente um programa sobre a produção de carne bovina, e o que Elsie viu
através do Deus-caixa fez com que desmaiasse. Então ela despertou para a
realidade, nua e crua, e decide não passar muito tempo ali naquela fazenda,
pois não queria virar comida. E com esse plano, um porco judeu e um peru turco
se junta a ela para essa grande aventura de descoberta e libertação. Mas nada
sai como planejado e a aventura é cheia de trapalhadas, momentos perigosos e
várias reflexões. Imaginem uma vaca que fala e anda em duas patas, um peru que
sabe usar um smartphone e um porco judeu. Esses são os três personagens que
irão viajar e pilotar um jatinho como nenhum ser humano poderia imaginar. Desejando ser uma vaca sagrada, pensando mais em não virar hambúrguer do que qualquer outra coisa, Elsie anseia ir para a Índia. O porco, que é judeu, Israel; e o peru, que se diz turco, quer ir para a Turquia.
Assim como todas as
fábulas, Holy Cow passa uma mensagem de aceitação, respeito e amor pela vida.
Correr atrás dos sonhos, não desistir jamais. É estranho, mesmo que na
literatura, ver como pensam os animais ao nosso respeito. Já pararam para
pensar assim? Elsie para pra refletir sobre alguns hábitos dos seres humanos,
como ficar horas e horas olhando para uma tela pequena e rindo, mandando
mensagens, tirando selfies e etc.
“Os seres humanos se distraem com facilidade. Principalmente com os celulares. Eles têm uma ligação estranha e nada natural com esses dispositivos.” (pg 21)
Recheada de referências a livros como A Revolução dos Bichos e tantas outras referências de filmes,
músicas e artistas, Holy Cow, uma fábula
animal é divertidíssimo, irreverente e criativo. Uma aventura com uma heroína de personalidade muuuuito forte. A moral da história? Somos todos um só.
"Quanto a mim? Quero que todos fiquem cientes da minha jornada. Quero que vocês, meninos e meninas, homens e mulheres, fauna e aves, aprendam o que aprendi — que não é certo ser odiado, nem é certo ser venerado. Não somos deuses e deusas, nem demônios e bestas. [...] Como todas as vacas, sou vegetariana, mas não sou ingênua o suficiente para pedir a um tigre que se abstenha de carne para comer broto de feijão. Somos todos animais e temos nosso lugar no ventre da Mãe Natureza. Só os humanos se separaram da grande cadeia do ser e de todos os outros animais, em prejuízo de si próprios, acho. E, infelizmente, de nós." (pg 199)
Puxa, parece ser interessante. Depois de ter lido tanta coisa pesada, acho que estou precisando de passar alguns momentos com a Holy Cow!
ResponderExcluirA propósito, vi que você foi um dos selecionados do Catálogo Literário, da Editora Record, assim como eu. Parabéns, e continue postando! Grande abraço...
http://www.penapensante.com.br/
Realmente é uma leitura que quebra um pouco toda essa nossa seriedade. Sim, tive a parceria renovada por mais um ano. E parabéns pela parceria, Filipe! Tenho certeza de que irá adorar a experiência, pois todos lá são muito atenciosos — sem falar nos livros que são incríveis. Abraços!
ExcluirTe indiquei para o prêmio Dardos Bloggers :)
ResponderExcluirVem conferir: changeable-girl.blogspot.com.br