Um bom livro é aquele que lhe deixa com mais dúvidas do que respostas.
Imagem: O Diario |
Que fim levou Juliana Klein? é um romance policial, digamos
filosófico. As personagens citam com frequência Nietzsche, Agostinho e Platão.
Esse é o segundo livro do autor Marcos Peres, e que já surpreendeu antes mesmo
de ser publicado. Assim que começamos a leitura, somos colocados no meio de uma
rixa familiar, e só largamos o livro depois que todas as perguntas sejam
respondidas, ou não. Pois bem, o delegado Irineu de Freitas, um caipira do
interior, da cidade de Maringá, vai a Curitiba ajudar o amigo Gomez, que também
é delegado, a descobrir um crime muito estranho. É Irineu que nos conduz pela Curitiba, palco de uma disputa imortal (?). As famílias Koch e Klein são
conhecidas não só pelos seus saberes filosóficos, mas também pelo ódio que nutrem
um pelo outro. Os Koch lecionam filosofia na PUC; já os Klein lecionam também
filosofia, só que na UFPR. Juliana Klein, a nossa personagem desaparecida, é
especializada em Nietzsche e acredita na teoria cíclica, que tudo o que
aconteceu no passado está acontecendo hoje e acontecerá no futuro. “Esta
conversa que estamos tendo, delegado, já aconteceu várias outras vezes”, diz
Juliana a Irineu quando ele vai ao casarão dos Klein entrevistar a esposa de um
assassino. Casarão esse que é alvo de vários mitos e lendas, desde a sua construção
por um luterano, até o primeiro Klein chegar a Curitiba e morar naquela casa famosa do Batel. Derek Klein, pai
de Juliana, se enforcou na sala do casarão, assim reforçando a lenda do casarão
mal-assombrado. O autor reserva um capítulo para essas lendas e mitos, que é
importante para entender os eventos posteriores, que só reforçarão o imaginário
popular.
“Sinto em meu sangue. Vejo os fantasmas do passado e sei que o futuro tende a repetir — não é preciso ser um Klein ou um Koch para saber isso. Estudei Nietzsche e aprendi duas coisas. A primeira é que o livre-arbítrio é uma falácia, um argumento covarde dos que não conseguem perceber que o mundo, para o bem e para o mal, está escrito no passado. Nietzsche escreveu em uma parábola: ‘Esta conversa, os detalhes desta conversa, o que somos, o que fazemos, tudo já foi feito. A história é finita e cíclica.” (p. 75)
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Há também uma cronologia dos fatos logo no início, junto com
uma genealogia dos Koch e Klein. E essas páginas também tem importância, não
façam como eu fiz, pulando elas. Salvador Scaciotto, marido de Juliana Klein e
pai de Gabriela Klein, matou a esposa de Franz Koch, Tereza Koch, por um motivo
ainda não revelado. Irineu vai prender Saciotto no casarão e lá tem a difícil
tarefa de explicar para a garotinha que só está levando o seu pai para fazer
uma viagem, que incluía bruxas e vampiros, mentira que Gabi acreditou, pois só
era uma criança inocente. Depois da morte de Tereza Koch, umas séries de
assassinatos se sucedem, terminando com o sumiço de Juliana Klein. E o
protagonista, nosso delegado Irineu de Freitas, se envolve de tal maneira a
ponto de se perder, e fazer investigações ilegais. Se em todos os romances
policiais, seja com Poirot ou Sherlock Holmes, o caso é solucionado, em Que fim
levou Juliana Klein?, as coisas tendem para a 'não-conclusão'. Irineu se envolve com
Juliana Klein, tem afeto pela filha, e é jurado por vingança pelo marido
traído. Investiga as alunas de Franz Koch ilegalmente, pois pensa que o
professor é o mandante dos crimes contra os Klein. Afinal, essa briga teve
início lá em Frankfurt e se arrastou para solo Curitibano. Por mais que tente
encaixar as peças, ainda fica faltando uma que o tira do foco. Irineu de
Freitas é um personagem muito bem construído, com forte personalidade e,
digamos assim, mulherengo (dissera Juliana). Deixa que seu envolvimento com Juliana atrapalhe o
seu lado profissional, mas, ele é o único que pode desvendar que fim levou
Juliana Klein e luta por isso até o fim, mesmo quando é afastado, alvo de um
processo administrativo, e tem o seu caso com a esposa de um assassino divulgado
pela mídia e etc. O desfecho dessa
história intrigante, que ganha um ar de thriller, é surpreendente e me deixou
com várias dúvidas. Sim, um bom livro é aquele que lhe deixa com mais dúvidas
do que respostas. A literatura policial brasileira está ganhando força, e nós
leitores, agradecemos. Esse foi o primeiro livro do Marcos que li, e sem dúvida
alguma, foi uma bela surpresa.
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