"Ariana" narra a história de um jornalista brasileiro que busca descobrir o mistério escondido por trás de um nome
"Os últimos capítulos é de tirar o fôlego."
Ariana é o primeiro romance, que marca a estreia do jornalista Igor Gielow na literatura. O livro narra a história de um jornalista brasileiro, Mark Zanders, que é correspondente de um jornal de Londres, o Final World, no Paquistão. Mark, após a morte do seu amigo e fixer Waqar, se vê em uma arriscada apuração de um furo jornalístico mundial que abalaria o Ocidente. Sempre em terceira pessoa, o autor nos faz um relato jornalístico sobre a vida de Mark. Quem não está acostumado à narrativa jornalística, vai sentir um pouco de dificuldade ao ler Ariana. Não há diálogos extensos, e a algumas partes destes é escrito através de aspas. Muito jornalístico. O que eu adorei.
Depois do atentado que tirou a vida do seu fixer (gíria jornalística que significa
alguém que faz tudo), um turbilhão de acontecimentos abala a vida do jornalista
brasileiro com nome de gringo. Antes de morrer, nos braços de Mark, Waqar, Waqqi como era chamado pelo jornalista,
pediu algo ao amigo: Você precisa
encontrar Ariana. E quem era Ariana? Isso é um assunto para depois. Mark
também sofrera ferimentos no atentado que tirou a vida do seu amigo
paquistanês. Teve uma fratura na perna, e queimaduras pelo braço. Elena, sua
antiga namorada de Londres, tinha vindo ao país para cuidar dele. E ela trazia
uma surpresa até então nunca imaginada por Mark: ele seria pai. Logo ele, que
não queria ter filhos e nenhuma responsabilidade que lhe tirasse a sua
liberdade. Tinha muito que pensar, e apesar de se mostrar durão, pensava em
como ele seria um pai, e como seria o seu filho, e como seria uma família.
Ao continuar lendo, você poderá receber alguns spoilers. Desculpem, não tinha como fazer uma resenha completa sem se aprofundar e soltar alguns tristes spoilers.
★★★★ |
Os cenários são reais, ao lermos o livro somos transportados
para outro país e outra cultura, com a inquietação de uma guerra civil explodir
a qualquer momento, mortes, ataques terroristas, aventuras proibidas... Ao ler
Ariana, conhecemos mais sobre aquela parte do mundo ignorada por nós
ocidentais. A cultura, a religião daquele povo, a comida local com seus chás
com leite ensebado, frangos apimentados, pães, e o medo dos paquistaneses
que eram só mais uma vítima da chamada guerra ao terror. Pelo contrário do que
lemos nos jornais, eles não gostam dessa guerra, e nem são extremistas. Alguns
seguem um ramo do islamismo mais ecumênico, em que respeita todas as religiões,
adorando deuses como Buda, e outros deuses de outras religiões. Esse ramo do
islamismo se chama sufismo. E os extremistas que insurgem entre aquele povo,
são minoria, mas que são perigosos tanto para os estrangeiros como para os seus
“irmãos”. E que os EUA só contribuíram na chamada guerra ao terror,
patrocinando grupos extremistas para depois os abaterem e jogarem a culpa nos
mesmos. Uma guerra de poder, que dizima milhares de inocentes. Os personagens
são bem construídos, o autor retrata de uma forma muito humana, e percebemos
isso com a mudança de Mark ao decorrer da trama. Vemos um Mark muito duro, sem
demonstrar algum sentimento aparente, e terminamos com um Mark mais sensível,
chegando a chorar em público sem se preocupar. Um livro muito relevante, e que
nos mostra um pouco mais sobre aquela cultura, aqueles lugares, os terroristas, os líderes tribais, o Exército do Paquistão, os costumes locais, intrigas políticas, e como as mulheres paquistanesas são tratadas em uma sociedade patriarcal tão forte como aquela. Os últimos capítulos é de tirar o fôlego. Igor Gilow
fez uma grande estreia. E que continue escrevendo mais.
"Gielow também nos oferece um protagonista complexo e inquieto: o jornalista Mark Zanders é adepto do lema weberiano “honra e trabalho unidos como modo de salvação”; pode ser cínico ou sensível com as mulheres; faz críticas severas ao jornalismo contemporâneo; é fã incondicional de Sir Richard Francis Burton — o que, para mim, é sinal claro de inteligência; e carrega lembranças da infância que se transformam em pesadelos recorrentes." — Rodrigo Gurgel
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