O Sol é para todos é um livro que todos deveriam
ler. Narrado por uma menina, entre seus seis aos oito anos de idade, Scout nos
mostra o mundo onde ela vive através de suas reflexões e pontos de vistas. Na
primeira parte do livro somos apresentados à família Finch. Atticus, pai de
Scout; Jem, irmão mais velho de Scout, e Calpúrnia, a empregada dos Finch.
Scout e Jem tentam descobrir como é Boo Radley, pois nunca vira ele na
vizinhança e os boatos eram grandes e eles queriam ver com os próprios olhos
quem era o vizinho que vivia trancado em casa por todos aqueles anos. Eles
conhecem o menino Dill, um ano mais velho que Scout e os três decidem tirar Boo
Radley de dentro da sua segura casa. Várias missões são empreendidas, e como crianças,
eles não desistem na primeira derrota. Fazem de tudo para ver Boo, mas sem
sucesso. Também conhecemos a pequena cidade de Maycomb. Com famílias brancas e
cristãs, todos tradicionais. E há também os negros, os pretos como todos se
referem. Nessa primeira parte, os negros não são tão presentes na história de
Harper Lee. Até que Atticus pega um caso envolvendo um. O pai de Scout terá que
defender Tom Hobinson de uma acusação muito grave: a de ter estuprado uma
branca. Scout não entende o porquê de o pai defender um negro, pois ela é
criança e foi nascida em uma família de "berço". O único negro que
ela conhecia e que amava era Calpúrnia. Ela e Jem começam a escutar piadinhas
sobre o pai ser um "adorador de pretos", o que deixa Scout furiosa.
Ela não sabe o que isso significa de fato, mas compreende que não é um elogio.
Scout é uma menina de temperamento forte, uma menina
nada delicada. Usa calça e macacão, o que deixa a tia Alexandra indignada, pois
quer que a sobrinha seja uma dama. O romance se passa na década de 30, em uma
sociedade americana ainda racista. Em Maycomb, os negros não são tratados como
gente. Mas sim como "inferiores". A cidade não gostou nada de um
branco defender um negro, estaria traindo os seus iguais. Mas Atticus não pensa
assim, e é isso o que ele passa para os filhos, numa tentativa deles não
pegarem essa doença que os adultos tinham. Doença essa que até hoje persiste,
infelizmente. Conforme o dia do julgamento vai chegando, a história vai se
aprofundando e nos envolvendo de tal maneira, que, parece que estamos lá, em
Maycomb, ao lado de Scout, vendo tudo. Harper Lee nos arrebata para dentro do
livro, nos expõem à dura realidade da época, e à injustiça que os negros
sofriam. Eles tinham o seu próprio bairro, separado dos brancos. Só serviam
para fazer o trabalho duro. Eram vistos como animais sem modos, como bichos
selvagens que ameaçavam a civilidade.
O momento mais tenso no livro é sem dúvidas, o dia
do julgamento de Tom Robinson. Scout, Dill e Jem vão para o tribunal
escondidos, e se sentam com os negros e ficam lá, vendo tudo o que aconteceu no
tribunal. Tudo isso através dos olhos de uma garota de oito anos de idade.
Suponho que a autora pensou em dar uma narrativa mais inocente, sem maldades.
Afinal, uma criança ainda não sofreu as mudanças que sofremos, e elas percebem
coisas e sentem coisas que não estamos mais aptos a sentir. Scout é sensível,
apesar de seu gênio forte; ela nos leva a uma profunda reflexão sobre a
sociedade de 1930 e a sociedade de hoje. Será que as coisas mudaram? Será que
nos curamos dessa doença chamada racismo? E em particular, uma crítica sutil me
chamou muita atenção. A professora de Scout detestava Hitler porque ele
perseguia os judeus e os prendia, Hitler se achava superior. E a professora, em
uma conversa com uma senhora depois do julgamento de Tom, comenta com alguém
que eles precisam dar um jeito de afastar os negros. É interessante, pois ao
odiar o que Hitler fazia, ela também odiava a si mesma, mas dava uma desculpa
para isso. Entre ela e Hitler não havia nenhuma diferença. E conheçamos pessoas
assim. Atticus Finch é uma referência para todos que leram o livro, com seu
caráter correto, sempre justo. Pai de duas crianças, que faz de tudo para
passar o que é bom aos filhos e os educam da melhor maneira possível. Uma
figura calma, mas de pulso forte. Seus diálogos com Scout é uma reflexão para
nós.
“Ainda que tenhamos perdido antes mesmo de começar, não significa que não devamos lutar.”
(p. 102)
“A única coisa que não se deve curvar ao julgamento da maioria é a consciência de uma pessoa.” (p. 127)
Para concluir, o livro é muito lindo. Essa edição da Jose Olympio é incrível, o design, a capa, a tradução e revisão, tudo muito bem produzido. Um clássico atemporal, que nunca vai deixar de ter a sua importância. A escrita é leve e ágil, o que facilita a leitura para os mais jovens. Assim como nos EUA, O Sol é para todos deveria ser leitura obrigatória em todas as escolas. Só assim não teríamos tanto preconceito por causa da cor da pele.
Mais Informações:
Título: O Sol é para todos
Autor: Harper Lee
Páginas: 364
Editora: José Olympio
Avaliação: ★★★★★
Sinopse: Um livro emblemático sobre racismo e injustiça: a história de um advogado que defende um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca nos Estados Unidos dos anos 1930 e enfrenta represálias da comunidade racista. O livro é narrado pela sensível Scout, filha do advogado. Uma história atemporal sobre tolerância, perda da inocência e conceito de justiça.
Nossa o livro me parece ser tenso e ao mesmo tempo muito bonito, eu já tinha escutado falar mais não tinha lido nenhuma resenha, fiquei ainda mais interessada agora!
ResponderExcluirhttp://www.vocedebemcomaleitura.blogspot.com.br
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirEu adoro a capa desse livro. Vejo todo mundo fazendo resenhas excelente sobre a obra *-*. EU TENHO QUE COMPRAR ESSE LIVRO *-*
Super apoiado! Na verdade temos vários livros que deveriam ser leitura obrigatória nas escolas né? E realmente este livro é lindo, foi a primeira resenha que li dele, mas já estava com muita vontade de lê-lo, vou comprar assim que sobrar um dinheirinho ;)
ResponderExcluirxoxo
http://www.amigadaleitora.com/
Livros com crianças sempre me emocionam e acho que com esse não será diferente
ResponderExcluirTemas como esse tbm acho que deveria ser obrigatória a leitura em toda escola
Adorei sua resenha
http://malucaspor-romances.blogspot.com.br/
Olá!
ResponderExcluirAs crianças sempre trazem coisas interessantes para nós adultos. Nos faz ver com outros olhos, são mais inocentes. Eu adorei a sua resenha.
Não conhecia o livor, mas espero poder lê-lo em breve.
Beijinhos!
http://eraumavezolivro.blogspot.com.br/
Nossa, me encantei com a personalidade e a força de vontade de Scout em ajudar e ver o vizinho! Fiquei com vontade de ler e de me impressionar com o que ela pode nos ensinar!
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