Em
águas sombrias é um Thriller bom. A narrativa se concentra
na morte de Nel Abbott, uma mulher ‘encrenqueira’ que estava
disposta a contar a história do Poço dos Afogamentos, e sobre as
mulheres que foram atraídas pelas águas sombrias do rio. Atraídas e
mortas. O tema morte e suicídio ganha ares sobrenaturais, com vozes
sendo ouvidas pelas personagens e algo demoníaco envolvendo todas
essas mortes. Agora Nel estava morta e deixara para trás muitas
dúvidas e nenhuma resposta. Sua irmã Jules se vê de volta a um
passado dolorido, e que culpava Nel por tudo o que lhe acontecera.
Agora teria que lidar com Lena, pois ela era a sua única família.
Lena a princípio insinua que a mãe tinha se suicidado, o que de
certa forma ela acredita. Jules, não. Mas a cidade do interior da
Inglaterra, Beckeford, é cheia de mistérios e todas as personagens
vivem uma vida conturbada, cheia de mistérios a serem revelados.
São
três as mulheres que supostamente se renderam ao chamado das águas:
Lauren, Katie e Lena. A primeira, mulher de Patrick Townsend e mãe
de Sean Townsend. A história que todos conheciam era de que ela
traía o marido e que depois de não poder ver mais o amante, se
jogara no Poço. Já a segunda, uma adolescente linda e aparentemente
normal, havia dado fim à própria vida sem motivo algum. Um
mistério, assim como a morte da terceira mulher, Nel. Todas essas
mortes teriam algum vínculo? Será que as três se sentiam atraídas
pelo rio da mesma maneira? Ou não quiseram se
entregar às águas, e foram forçadas?
São essas as indagações que permeia os primeiros capítulos, até
as pontas começarem a se ligar umas às outras. Cada personagem sabe
de alguma informação, ou pensa que sabe, e assim o mistério vai
ganhando forma. Assassinatos? Algo sobrenatural? Vingança? Suicídio?
As respostas começam a aparecer para o leitor depois da metade do
livro, mas aqueles mais atentos já começam a
desconfiar de algo, acertadamente, e de alguém
bem antes da autora começar a desvendar para os leitores todo o
mistério. A resposta final, em certa medida, é confirmada. O leitor
sagaz já sabia, até
que há uma reviravolta e fim. A história acaba. Um pouco decepcionante como se dá o desfecho, algo totalmente fraco e, diria, entediante.
★★★ |
Temas
bastante complexos são abordados por Hawkins, tais como estupro e
suicídio. São bastante pertinentes e acho interessante trazer essa
discussão, mesmo que sutil, para a narrativa. Mas há um pouco de
ideologia, que ao leitor menos atento passa desapercebido, ao abordar
tais assuntos. Sempre algo como colocando toda a culpa nos homens,
nas repetidas vezes que a palavra sexismo é
dita. Deixa aquela impressão de que nenhum homem respeita as
mulheres, de que há sempre um clubinho que despreza as mulheres, de
que elas são desacreditadas em seu meio profissional apenas por
serem mulheres. É claro que isso ocorre, mas as personagens
masculinas, todas elas, tem esse traço machista. Não
gosto de ver as coisas sob esse ponto de vista, pois tende a ser nós
contra eles. Talvez Josh, um garoto de 12 anos, seja o único que
ainda não
carregue esses traços, pois ele ainda é uma criança. Isto foi algo que me deixou um pouco incomodado, como um homem, pois no universo de Beckford não há
uma única figura masculina que não seja caricaturada dessa maneira.
Mas é um bom livro - apesar de um pouco confuso com várias vozes se alternando - para se entreter nas horas
ociosas do dia. Como a narrativa segue de uma maneira bem
cinematográfica, assim dizendo, não me surpreendeu a informação
de que os direitos de adaptação cinematográfica já foram
adquiridos pela DreamWorks Pictures.
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