Jeffrey Archer. Fonte: Google Images |
Primeiro livro das Crônicas de Clifton, Só o Tempo Dirá
conta a história de Harry Clifton, sua dura infância em Bristol até a sua
juventude, quando segredos serão revelados e a sua vida tomará um rumo
inesperado. Emocionante e surpreendente, Jeffrey Archer faz com que o leitor
devore as páginas vorazmente, e o instiga a saber o que está escrito no próximo
capítulo, de maneira tal que em um só dia o leitor poderá concluir a leitura. O
livro inicia com as memórias de Maisie Clifton, que conta sobre sua vida até
conhecer Arthur Clifton e se casar com ele, não fosse uma aventura com um homem
que a fez perder a virgindade, a vida dos Clifton seria totalmente diferente.
Maise dá a luz a Harry, e poucos meses depois o pai do menino desaparece
misteriosamente, o que deixa a mulher com várias dúvidas sobre o paradeiro do
esposo. Depois, acompanhamos a narrativa de Harry Clifton e suas aventuras na
infância, onde conhece o Velho Jack, homem misterioso e que só revela sua
verdadeira identidade mais à frente; entra para o coro da Holy Nativity e a sua
voz de anjo encanta a todos, e por ter uma voz tão bela, acaba ganhando uma
oportunidade de concorrer a uma bolsa de estudos na St. Bede’s, um colégio
tradicional de Bristol e que fornece coralistas para St. Mary Redcliffe.
Na medida em que a narrativa flui, o leitor se apega aos
personagens, que são bem construídos e memoráveis. Harry consegue a bolsa de
estudos e em seu primeiro dia na St. Bede’s faz amizade com Deakins e Giles, este
último, o primogênito de uma das famílias mais ricas de Bristol. Harry e Giles
se tornam amigos íntimos, uma amizade que rompe as barreiras sociais. No
colégio, todos têm preconceitos com bolsistas e pobres, e mais ainda com o
filho de um estivador. Em seu aniversário, Giles convida Harry e Deakins para
ir à mansão da família Barrington comemorar mais um ano de vida juntos. A mão
de Giles é uma mulher linda e muito simpática, ao contrário do pai do garoto,
Hugo Barrington, que trata Harry com indiferença. Mas o motivo para tal
indiferença é uma dúvida que Hugo tem sobre o garoto ser mais que um amigo de
Giles.
★★★★★ |
Maisie é uma mulher batalhadora e uma mãe que faz qualquer
sacrifício para que a vida do filho seja melhor que a sua. Não é nada fácil
manter um filho em um colégio como St. Bede’s, mesmo tendo alguns custos pagos
pela bolsa, Maisie precisa se virar para que possa pagar alguns custos extras.
Seu amor pelo filho faz com que ela esconda um segredo que arrasará vidas, e
por isso toda vez que o filho pergunta sobre o pai, ela responde que ele morreu
durante a guerra. Os ingleses estão vivendo com uma possível ameaça de outra
guerra “que acabaria com todas as guerras”.
Bristol é uma cidade portuária, e aqueles que não têm muito estudo
acabam indo trabalhar nas docas, onde a família Barrington é dona. Maisie
trabalha em uma casa de chás, e por ser muito dedicada e fazer com que os
negócios prosperem para a sua patroa, acaba recebendo uma oferta de emprego no
Hotel Royal, que acaba aceitando e fazendo prosperar o até então mal
frequentado salão de chá do hotel. O autor dá uma pequena aula de empreendedorismo
ao escrever as ansiedades e preocupações, além das precauções de se ter um
negócio, quando Maisie decide ter a sua própria casa de chás.
Harry se apaixona por Emma Barrington, mas o futuro fará com
que o jovem Clifton faça uma decisão que porá em risco seu amor pela jovem. A
amizade de Harry com Giles é descrita de uma forma muito bonita, e o autor
acaba resgatando o real sentido da amizade que anda ultimamente tão perdido. E
por falar em valores, a família, a honestidade, educação e o casamento também
são retratados aqui.
A narrativa é intercalada pelos principais personagens, o
que dá uma visão mais ampla para tudo o que acontece na trama. Realmente fiquei
muito surpreso ao ver como o livro foi estruturado. Nas primeiras páginas há a genealogia
das famílias Barrington e Clifton. Questões como desonestidade, o papel da
mulher na sociedade inglesa dos anos 1930-40, desigualdade social — que não
afeta somente aos negros —, incesto, amizade, lealdade e amor, fazem com que Só
o Tempo Dirá seja brilhante. Com toda a certeza os leitores irão se deliciar
com essa história, e assim como eu, vão ficar ansiosos para o próximo volume
das crônicas.
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