Bem, vou começar falando o quanto eu aprendi lendo esse livro.
Quando falo livro, acho que estou me referindo a mais um livro qualquer, o que
não é o caso de Ostra feliz não faz pérola.
Rubem Alves é simplesmente incrível, e seus textos que fazem parte
do livro são maravilhosos. Claro que tem alguns ao qual eu não concorde muito,
mas sobre isso não tenho nada a acrescentar, porque continua sendo maravilhoso
de todo o jeito. Acho que vocês estão aí pensando que estou me referindo muito
bem ao livro, e que isso cheire a alguma forma de merchan. Mas não caros
leitores, quem teve o prazer de ler Rubem Alves sabe do que estou
escrevendo.
Os textos falam sobre sofrimento que produz a beleza, da morte que
conduz à vida, do envelhecimento que traz a juventude não vivida, do sagrado
que está em todos os lugares. São doses de sabedorias que quero tomar sempre. O
Rubem fala muito em suas crônicas de Nietzsche, Bach, Cecília e tantos outros ao
qual ele admirava. Ostra feliz não faz pérola é uma grande obra, não sei se
exagero aqui, contemporânea brasileira. Uma pena que seu nome e suas obras são
poucos divulgadas. Rubem também era um ferrenho defensor dos educadores, e de
uma educação mais relacional do que sistemática. Leia este livro, ou outros do
autor. Além de ser edificante para a alma, é uma forma de sabedoria que
precisamos nos nossos dias.
Isso é verdade para as ostras. E é verdade para os seres humanos. No seu ensaio sobre O nascimento da tragédia grega a partir do espírito da música, Nietzche observou que os gregos, por oposição aos cristãos , levavam a tragédia a sério. Tragédia era tragédia. Não existia para eles, como existia para os cristãos, um céu onde a tragédia seria transformada em comédia. Ele se perguntou então das razões por que os gregos, sendo dominados por esse sentimento trágico da vida, não sucumbiram ao pessimismo. A resposta que encontrou foi a mesma da ostra que faz uma pérola: eles não se entregaram ao pessimismo porque foram capazes de transformar a tragédia em beleza. A beleza não elimina a tragédia, mas a torna suportável. A felicidade é um dom que deve ser simplesmente gozado. Ela se basta. Mas ela não cria. Não produz pérolas. São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer. Esses são os artistas. Beethoven – como é possível que um homem completamente surdo, no fim da vida, tenha produzido uma obra que canta a alegria? Van Gogh, Cecília Meireles, Fernando Pessoa… (trecho da crônica que dá o titulo ao livro)
Falando um pouco sobre como descobri Rubem, meu grande amigo, foi
logo após a sua morte. Antes, nem sabia que ele existia. Me envergonho muito em
afirmar tal coisa, mas se depender de mim vou espalhar sua semente onde quer
que eu for. Aqui no blog irei falar muito sobre Rubem Alves, no momento estou
lendo Do universo a jabuticabeira.
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